segunda-feira, 17 de maio de 2010

Medo e Angustia

O início de Abril foi bastante conturbado. O final do módulo I do Curso de Formação de Soldados, a aproximação das avaliações do curso, a mudança de escala e a realização do evento 22ª em Companhia da Cidadania me deixaram bastante sobrecarregado.
Fora isso, algo estava me deixando bastante angustiado. A Base Comunitária não havia saído do papel. Minha palavra estava em jogo. Eu havia firmado um compromisso com os 60 Alunos Soldados e não enxergava nenhuma possibilidade de voltar atrás.
Na reunião dos Oficiais, questionei ao Comandante a respeito da estrutura física da Base Comunitária e informei a minha preocupação: "Se este projeto não acontecer vou sair como mentiroso" Eu sei muito bem o que isso significa na PMBA - minha carreira ficaria maculada para sempre.
O Comandante informou que já havia conseguido um local provisório para instalação da base. O espaço seria dentro de uma escola estadual que estava passando por alguns problemas, tais como: violência, tráfico e uso de drogas e indisciplina. Não era a estrutura física que eu esperava. Mas essa informação me titou um peso da consciência.
Uma semana depois, em um contato com o Comandante, ele fez questão de frizar: "Vicente, se você sair como mentiroso, eu também serei." Essas palavras me fez perceber que mais uma pessoa havia comprado meu sonho.

Vendendo Sonhos

Quando retornei do Curso de Polícia Comunitária em São Paulo, apresentei para o Comandante da unidade, Maj PM Xavier Filho, algumas idéias que tive durante o curso para pôr em prática no município de Simões Filho.
Para minha surpresa, e aflição, o Major abraçou a causa e mostrou-se bastante empolgado com a possibilidade de implantar a Polícia Comunitária em nossa área.
Com sua forma muito peculiar, ele transformou minhas pequenas idéias em um macro projeto de segurança integrada para o município.
Primeiramente, delegou-me a responsabilidade de formar os 60 Alunos Soldados aos moldes da Polícia Comunitária. Mas como formar estes profissionais para trabalhar em uma empreitada que só existia no mundo das idéias?
Fui bastante franco com os alunos sobre meu ingresso no contexto de Polícia Comunitária, meu ponto de vista e sobre os desafios que deveriamos enfrentar, porque teríamos que contruir, juntos, a primeira Base Comunitária de Segurança do município.
Na verdade, eu vendi aos alunos um produto que só existia no mundo das idéias.
Ao longo das aulas, fui mostrando alguns exemplos de projetos comunitários que deram certo e, aos poucos, fui conquistando a credibilidade dos alunos, que passaram a se enxergar trabalhando em uma Base Comunitária.
Por outro lado, o fato de não haver nada concreto, nos fez pensar juntos em cada detalhe e em todos os problemas que poderíamos enfrentar. Deta forma, não estava sonhando sozinho, havia mais 60 cabeças sonhando juntas.
A partir dos debates e discussões, surgiu a idéia de lançar o Projeto 22 em Companhia da Cidadania, em que os próprios Alunos Soldados desenvolveram cada passo do projeto.
Foi neste momento que percebi o compromisso que eu havia firmado com os 60 alunos. Todos estavam acreditando na implantação de uma Base Comunitária.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Crime cai em São Paulo e Bogotá


sexta-feira, 24 de junho de 2005

Por SuperUser Account Ligado

Basta ligar a TV em São Paulo para se ter certeza de que vivemos uma guerra civil. Histórias de polícia versus bandidos, tiroteios, assaltos, tráfico, rebeliões, crimes horrendos e muito sangue avermelham a tela em pouco tempo. Não são incomuns as comparações com nações em guerra, como a Colômbia. Não há dúvida de que os índices de violência ainda são bastante altos nos dois países.

Mas, tanto aqui como lá, começam a surgir boas notícias nesse front graças a políticas de desarmamento e estratégias inteligentes e coordenadas que integram polícia, governos e sociedade.

De acordo com o Seade, o índice da capital paulista é impressionante: redução de 40,6% nos homicídios. O principal destaque vai para o Jardim Ângela, que já foi considerado pela ONU como o bairro mais violento do mundo, com uma média de dois assassinatos por dia em 1999. Pois o número de homicídios caiu incríveis 73,3%, e até sexta-feira, 24 de junho, o bairro contabilizava 64 dias sem uma única morte. Seus moradores já não têm tanto medo em sair às ruas e, pouco a pouco, começam a recobrar a auto-estima.A pergunta, então, é: como essas cidades lograram tal êxito? A resposta começa com o desarmamento da população. "Esta é uma solução que não acaba com os conflitos, mas diminui muito a letalidade dos confrontos", afirma Denis Mizne, diretor do Instituto Sou da Paz, de São Paulo.
Outro ponto fundamental é a integração da sociedade civil na solução dos problemas. "Perdemos muito tempo no paradigma impossível segundo o qual só se acaba com a violência por meio de forte repressão policial associada à solução de todos os problemas sociais", argumenta Denis Mizne. "Assim como também está errado acreditar que o Estado é o único responsável pela segurança, com a sociedade civil, especialmente a elite, apenas criticando e pautando as ações dos governos cada vez que um de seus filhos é morto."

Disponível em: http://www.soudapaz.org/Home/tabid/630/BlogDate/2005-06-30

Revolucione a sala de aula por Stephen Kanitz
"Na vida você terá de ser aprovado peloscolegas e futuros companheiros de trabalho, não pelosseus antigos professores"
Ilustração Ale Setti
Qual a profissão mais importante para o futuro de uma nação? O engenheiro, o advogado, o administrador? Vou decepcionar, infelizmente, os educadores, que seriam seguramente a profissão mais votada pela maior parte dos leitores. Na minha opinião, a profissão mais importante para definir uma nação é o arquiteto. Mais especificamente o arquiteto de salas de aula.
Na minha vida de estudante freqüentei vários tipos de sala de aula. A grande maioria seguia o padrão usual de um monte de cadeiras voltadas para um quadro-negro e uma mesa de professor bem imponente, em cima de um tablado. As aulas eram centradas no professor, o "locus" arquitetônico da sala, e nunca no aluno. Raramente abrimos a boca para emitir nossa opinião, e a maior parte dos alunos ouve o resumo de algum livro, sem um décimo da emoção e dos argumentos do autor original, obviamente com inúmeras honrosas exceções.
Nossos alunos, na maioria, estão desmotivados, cheios das aulas. É só lhes perguntar, de vez em quando. Alguns professores adoram ser o centro das atenções, mas muitos estão infelizes com sua posição de ator obrigado a entreter por cinqüenta minutos um bando de desatentos.
Não é por coincidência que somos uma nação facilmente controlada por políticos mentirosos e intelectuais espertos. Nossos arquitetos valorizam a autoridade, não o indivíduo. Nossas salas de aula geram alunos intelectualmente passivos, e não líderes; puxa-sacos, e não colaboradores. Elas incentivam a ouvir e obedecer, a decorar, e jamais a ser criativo.
A primeira vez que percebi isso foi quando estudei administração de empresas no exterior. A sala de aula, para minha surpresa, era construída como anfiteatro, onde os alunos ficavam num plano acima do professor, não abaixo. Eram construídas em forma de ferradura ou semicírculo, de tal sorte que cada aluno conseguia olhar para os demais. O objetivo não era a transmissão de conhecimento por parte do professor, esta é a função dos livros, não das aulas.
As aulas eram para exercitar nossa capacidade de raciocínio, de convencer nossos colegas, de forma clara e concisa, sem "encher lingüiça", indo direto ao ponto. Aprendíamos a ser objetivos, a mostrar liderança, a resolver conflitos de opinião, a chegar a um comum acordo e obter ação construtiva. Tínhamos de convencer os outros da viabilidade de nossas soluções para os problemas administrativos apresentados no dia anterior. No Brasil só se fica na teoria.
No Brasil, nem sequer olhamos no rosto de nossos colegas, e quando alguém vira o pescoço para o lado é chamado à atenção. O importante no Brasil é anotar as pérolas de sabedoria.
Talvez seja por isso que tão poucos brasileiros escrevem e expõem suas idéias. Todas as nossas reclamações são dirigidas ao governo – leia-se professor – e nunca olhamos para o lado para trocar idéias e, quem sabe, resolver os problemas sozinhos.
Se você ainda é um aluno, faça uma pequena revolução na próxima aula. Coloque as cadeiras em semicírculo. Identifique um problema de sua comunidade, da favela ao lado, da própria faculdade ou escola, e tente encontrar uma solução. Comece a treinar sua habilidade de criar consenso e liderança. Se o professor quiser colaborar, melhor ainda. Lembre-se de que na vida você terá de ser aprovado pelos seus colegas e futuros companheiros de trabalho, não pelos seus antigos professores.

Stephen Kanitz é administrador (www.kanitz.com.br)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Curso de Polícia Comunitária






Quando iniciei o curso de Promotor de Polícia Comunitária, promovido pela SENASP e ministrado por Oficiais da PMBA, achava que todos aqueles conceitos e princípios eram muito utópicos diante do caos que estamos vivenciando na segurança pública. Não vislumbrava a possibilidade de aplicá-los na comunidade onde trabalho.
Após as duas semanas de aulas, já estava ciente dos própósitos da Polícia Comunitária, entretanto, ainda era algo muito distante de nossa realidade.
No dia 18 de Outubro de 2009, embarcamos para São Paulo: Eu , Cap Denice, Cap Emília Neta e Ten Henrique. A turma era composta por 39 Oficiais de vários estados do Brasil e contava também com a participação de 2 membros da Polícia Nacional da Guatemala, 2 policiais de Onduras e uma policial da Costa Rica.
No primeiro dia houve uma solenidade de abertura em que o Cel PM Castro, diretor de Polícia Comunitária e Direitos Humanos do estado de São Paulo apresentou os trabalhos desenvolvidos na área de Polícia Comunitária, desde o conturbado momento de criação até os dias atuais.
No dia seguinte, cada delegação deveria apresentar os projetos realizados em cada estado. A Cap Denice ficou incubida de ser a representante da Bahia. Cada delegação apresentaou vários projetos e trabalhos que já tinham realizados, entretanto, nós não tínhamos nada de concreto. Esta situação me fez refletir o quanto estávamos atrasados em relação aos outros estados.
Apesar das experiências apresentadas pelos diveros estados e dos resultados positivos que estavam tendo, eu ainda continuava resistente à idéia de viver uma Polícia Comunitária no estado da Bahia. Por conta da nossa realidade cultural, social e financeira, não enxergava como alcançá-la.
A primeira visita que fiz a uma Base Comunitária e Segurança foi no Jardim Ranieri. Lá fez cair a armadura que eu estava carregando. Cada passo, cada exemplo, cada projeto que o Sgt Vieira citava eu enxergava que não era algo impossível de se construir. A realidade do Jardim Ranieri não era diferente da nossa. Os mesmos problemas sociais que a comunidade já enfrentava há dez anos atrás. Nós estamos enfrentando agora. O jardim Ranieri foi coisiderado, pela ONU, o bairro mais violento do mundo em 199.
A implantação de uma Base Comunitária requer muito trabalho e dedicação, em contrapartida, elimina os problemas de criminalidade desde a sua origem.

domingo, 9 de maio de 2010

Projeto 22ª em Companhia da Cidadania realizado no dia 08/04/2010 na Escola Municipal Elaine de Santana Santos


Visando promover a aproximação da 22ª CIPM com os moradores do município de Simões Filho, realizamos um projeto denominado “22ª em Companhia da Cidadania” , através de ações sociais fundamentadas nos princípios da polícia comunitária.
O evento aconteceu no dia 8 de Abril de 2010, no Colégio Municipal Elaine de Santana Santos, situado na Rua do Campo, s/n, Cia II, contemplando cerca de 100 estudantes do turno matutino.
Pretendíamos atender outras 100 crianças do turno vespertino, entretanto, devidos às fortes chuvas que inundaram Salvador e a região metropolitana tivemos que suspender as atividades à tarde.

Os Alunos Soldados do Núcleo de Formação de Soldados da 22ª CIPM, durante a disciplina curricular Polícia Comunitária, vislumbraram aplicação prática dos conhecimentos adquiridos durante o curso,ministrada por mim, buscando a interação com a comunidade, e desenvolveram atividades e oficinas que proporcionaram cultura, lazer, esporte e informações às crianças da comunidade.

Foram elaboradas diversas oficinas educativas e esportivas, tais como: saúde, pintura, jogos e recreações, combate às drogas, corte e trança de cabelo, ordem unida, stand de fotos, capoeira, boxe judô , jiu-jítsu, dança. Foi um momento de interação muito grande com os membros da escola, não só com os alunos, mais também com as mães, professoras e coordenadoras, que nos acolheram de forma bastante carinhosa e receptiva.
Foi muito gratificante ver o sorriso no rosto de cada criança e a ância de participar de cada atividade. Impressionante como eles não se comoviam com a forte chuva e com a água que invadia as salas de aula.
Este projeto nos ajudou a refletir o quanto a comunidade que trabalhamos é carente de necessidades básicas, e o pouco que podemos fazer se torna muito diante da felicidade que podemos proporcionar àquelas crianças.
Os Alunos Soldados ficaram encantados com singelos agradecimentos recebidos pelas crianças e perceberam o quanto nosso trabalho é importante para sociedade. Certamente, cumprimos a missão com o espírito renovado e com maior incentivo para continuar esta caminhada em busca da nossa Polícia Comunitária.






















quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mais uma vez .... caí de paraquedas

Para quem conhece meu ingresso na PMBA sabe muito bem o que significa cair de paraquedas para mim.
Tratando-se da filosofia de Polícia Comunitária, mais uma vez demonstrei meus bons dotes como paraquedista.
Lembro que foi na primeira semana de outubro de 2009, que recebi o convite para sobrevoar em novos ares da Segurança Pública. Precisamente no dia 02/10/09, era véspera de minha formatura em Licenciatura em Letras com Inglês, festa para organizar, lista de convidados para confeccionar e pagamento para efetuar, quando recebi o telefonema do Ten PM Marinho, meu colega de trabalho, perguntando se eu não tinha interesse em fazer o Curso de Multiplicador de Polícia Comunitária modelo KOBAN, fornecido pela SENASP, ministrado pela PMESP. Não pestanejei, aceitei o convite na hora. Nem pesnei nas consequências desta ação impensada. Seria meu primeiro curos pela polícia, e fora do estado, entretanto, isto significava 15 dias sem dar aula (estava ensinando inglês no CPM), 15 dias longe da faculdade, onde eu já estava cursando o bacharelado em Letras e 15 dias fora da escala apertada de Oficial de Operações da 22 CIPM , que na verdade, se tornaram 30.
Sabe aquele salto que você dá sem saber o que irá acontecer....
Foi assim que me senti. "Meu Deus, o que foi que eu fiz?" Quando aceitei o convite, eu só pensei na oportunidade de fazer um curso fora, adquirir conhecimento, conhecer São Paulo, e receber a diária. Mas não pensei nos trantornos que esta decisão traria para minha vida.
Confesso a vocês que não sabia, absolutamente, nada sobre Polícia Comunitária. Até era muito cético à possibilidade da polícia interagir com a comunidade. Mas agora não poderia voltar atrás. Tive que fazer o Curso de Promotor de Polícia Comunitária, entre os dias 05 e 16 de Outubro, que era um pré-requisito para fazer o curso de Multiplicador. Sendo que o embarque já seria no dia 18, às 7 horas, com retorno previsto para o dia 30. Por isso, os 15 dias afastados da unidade se tornaram 30.